sábado, 28 de fevereiro de 2009

Vento trás as lágrimas
A saudade, a nostalgia,
Aviva-me as lembranças
Na alma como por magia

Assopra aquele arrepio
Da emoção a relembrar
A alma quando te viu
E o coração a rebentar

Nessa tempestade inicial
Onde tu foste relâmpago
E, eu um fio de metal,
A guiar-te como mago.

Vende-se!

Vende-se corpo usado
Com coração esgotado,
Cérebro entorpecido,
De Interior maltratado.

Vai ao melhor preço,
A quem o quiser levar
A paixão eu ofereço,
É de pegar ou largar!

domingo, 22 de fevereiro de 2009

A feltro, a carvão
A soluço, a permanente.

O grito, o eco, ó solidão
Ó bagaço, ó aguardente.

A compasso o mausoléu
Há elipses imutáveis.

A penitência ante o réu
Injustiças insuportáveis.

A pólvora, a serradura
Ardem num ápice.

A sentença, a bravura
E a forca no coice.

Às variações/ Ao variações

Interlúdios, variações das sensações
Estar nu, vestido, vazio e até cheio
Marchar em corrupio atrás das razões
No sentido de uma vida crua a meio

A sensação de não querer ninguém
Naquele intervalo amargo da paixão
Onde estou mal quando estou bem
Neste parecer meio real ou ilusão

Viciado no estupefaciente da ressaca
O pensamento frenético da indecisão
Que fecha uma entrada sem tranca
A gostar do sentimento sem emoção

Variações companheiras antípodas
Nos intervalos do salto de uma mola
Em que a bússola aponta as loucuras
De um pássaro livre preso na gaiola.
Cidade querida, menina esposa
Encantada e berço dos amantes
Escritores redigem-te em prosa,
Os sete peitos, os teus decotes

Elegante desfilas a férrea linha
Onde o eléctrico enamorado,
Beija o teu ventre de libelinha,
A chorar um inconsolável fado

As noitadas dormidas no teu ninho
A escutar os segredos das épocas
Confissões amigas do sabor a vinho
Perfume de inúmeras catacumbas

Lisboa menina amante e senhora
Nas calçadas os mundos encantas
No adeus um não quero ir embora
Que não és a mesma em aguarelas

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Enredo de cabelos numa mão fechada
Aprisionados com a força de Hércules
Uma meiguice sobrenatural liderada
É o crer dos Céus na mão dos deuses

Novelo de ouro e candelabro dourado
Que reluz luzente luz em mão cerrada
Teu castiçal pinga um calor iluminado
Sob a tua flamejante manta alongada

Xaile-manta ímpar que endoida os anjos
Que treslouca os Homens e os Imortais,
Até Divas que vêem acima de teus ombros
Os choram por não desfilarem uns iguais

Urdidos das fibras de novelos narcisos
São Reis da luz do sol, o tal fogo vassalo
Meus dedos são servos agulhas nos cabelos
A errar nos jardins suspensos do teu Halo.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Nasce Poesia

Fôlego Poesia,
Habito Poesia,
Estimo Poesia,
Gemo Poesia...
Sangro Poesia!
Enxergo Poesia,
Absorvo Poesia,
Consumo Poesia,
Enleio Poesia,
Gozo Poesia,
Asilo Poesia...
Apalpo a Poesia?

E vivo Poesia,
Pereço Poesia...
Ressuscitas-me Poesia?
Olha, eterniza-me Poesia!!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

A cada coisa, o seu par!

A cada erro, cada cruz
A cada gota, uma chaga
A cada vida, um capuz
A cada amor, sua adaga

A cada veneno, o antídoto
A cada sorte, um número
A cada bingo, o seu loto
A cada Deus, o seu venero

A cada dedo, o seu anel
A cada Homem, sua vida
A cada amante, seu infiel
A cada adeus, a despedida

A cada cheiro, seu perfume
A cada doce, o seu açúcar
A cada casal, o seu ciúme
A cada paixão, um recordar

A cada vício, a sua ressaca
A cada gesto, um outro teu
A cada corte, a lamina faca
A cada olhar, retribui o meu

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Na tempestade surge o bordel
Onde naufragam amores mortais
Heróis marionetas a cordel
Corrido o pano teatro de um cais

As ampolas, ânforas, arcas
No abismo segredos guardam
Repousam com as mãos nas ancas
Serenas do valor que afundaram

De musica as caixas das Sereias
Onde os peixes são bonecos
De trapos feitos das meias
Roubadas das coxas dos eunucos

Algas verdes, sombras castanhas
Que lhes servem de perucas
Nas unhas retratam as manhas
A nudez que escondem nas nucas

Desnudam-se em prata, em oiro
Mitológicas prostitutas salgadas
Vendem o útero, vendem o coiro
São até travestis vestidos de fadas

Nas escamas envergam as jóias
E os penhores dos mais maricas
Nas orelhas penduram as bóias
A honra encerram-na em conchas

Surram de ego o pecado do sal
Que roubam no fundo do mar
São as impuras ninfas do mal
As prostitutas de quem as pagar!

Ao Johnny Vector

Prejuízo partidos os copos
Ebrios, nus, a gozo tragados
Queimam no cérebro já loucos
A fugir dos supostos lucros.

Poema acróstico

Um dia redijo uma ode em teu nome
Com toque, gosto, cheiro e sabor
Onde revelo o teu sobrenome
Nas notas da música de um tenor.

A letra inicial, advém da palavra Mar
Vem com o movimento das ondas,
Deitar nas praias, o cheiro a rebentar,
Branca, pura de sete vagas cristalinas.

A segunda, serve de inicio ao Abecedário,
Companheira do começo da amizade.
É alegria de mãe a ver o filho no berçário,
Meiga letra, repleta de sinceridade.

A próxima, veste a Riqueza do rico,
Pobre é, ao rivalizar com o teu sorriso,
O brilho dos raios do sol, luz que não abdico
De ver, para confortar-me sempre que preciso.

Segue-se a senhora das Tentações,
Do travo, do tacto; da tranquilidade,
Que o crente deposita nas orações.
- Toma! (O inicio do simples gesto de caridade)

A última letra, faz jus à sede do Amor,
Dá a força ao aço, e o mistério à alma.
Ó Cupido, trás a menina do nome, por favor!
Que só saber o seu nome, já não me acalma...
Jardim ruim,
Enfim marfim
Motim boletim
Ruim enfim…

Fim bandolim
Ruim cornetim
Fim bandolim
Ruim cornetim

Tlim trampolim
Pudim patim
Enfim fim
Fim enfim


Amendoim
Botequim
Frenesim
Jasmim ruim

Festim…
Rim…
Fim…
Enfim…

Pim, pim, pim...

Aponta, dispara, morri...

Curtas e pequenas
Fuscas e dilemas
Cabeças a girar
Crânios a rebentar

Roleta que é russa
Tiro fino certeiro
Quase que é musa
A espia do roupeiro

Almofada a espreitar
O prefacio que mata
O descanso a deitar
Em pesadelo que farta

É malvado no furto
O sono sonâmbulo
É estridente é surto
O tiro de onde pulo

Dispara em não sono
O pesadelo de mim
Não há amor colono
Colete p´ra bala ruim.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Andei...

Numa estrada,
De asfalto ebulição
Longa, esticada,
Dorida em escaldão

Traços descontínuos
Brancos a giz,
Divide dois sentidos
Ó obra sem cariz!

Ó tapete alcatrão!
Ó ladra dos sapatos!
Ó passadeira reflexão!
Ó mapa dos Peregrinos!

Regista estes passos
Os que ai, eu deixei,
São visões de cegos...
Mas que lá passei, passei!

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Fotossíntese católica

Na mão desfolhada a vaga luz
O surto do espirro que produz
O encerrar dos olhos quimonos
Nas folhas o cair dos Outonos

Despidas as florestas corporais
Ao sopro de ventos agnósticos
Em Striptease folhagens imorais
No som vago de matos acrósticos

Das túnicas verdes ressequidas
O soalho com carpetes esticadas
O castanho cegueira da ecologia
Abre-te clarabóia luz que procria

Vagamente a claridade vã divaga
Em Deus luz vassoura peregrina
Clareia o tojo em promessa paga
Deixa brotar a clorofila fé divina.