sábado, 27 de junho de 2009

Fecho os olhos e vejo, e sinto, e divago
O infinito do meu pensamento,
E, fecho os olhos e viajo além do vago,
Do que me consome o sentimento.

Nem assim paro, nem escuto, nem vou,
E consumo em pranto tudo o que sou.
E nem assim fico, morro ou vivo,
Muito para o além daquilo que sirvo

Louco, abro-os e olho perdido no escuro
Da mente nebulosa da reflexão,
Das noites que não me mato, nem curo
Vejo que continuo espírito ilusão.

E nada vejo, além alma, além tempo
A não ser uma vida passatempo,
E nada apazigua este tormento,
Que vive por mim neste segmento!
Parti a ponta do lápis
A rabiscar a descrição,
Da alegria quando ris,
Essa força da emoção.

Persisti mesmo assim.
Na escrita do sorriso,
Agora faço-o a marfim,
A descrever o teu riso.

Exótico e espontâneo,
Inocente e desafiante.
Perfeito momentâneo,
Ó energia estimulante!

Eternizo no poema,
A sorrir retrato alegria.
És tu na síntese tema
Em sorriso de poesia!

terça-feira, 16 de junho de 2009

É quando te esgueiras nos hiatos da razão
Que eu respiro em sufoco,
Abandonado neste corpo sem compaixão
A macerar um sabor de louco.

Que invoco, dores, amores e ânsias
Nos mil cigarros em suspiro tragados
E espero-te, em amargas demências,
Por teus impetuosos momentos iluminados.

Apodera-te do objecto aos bocados,
Encripta-te eternamente cá no fundo
Que eu não vivo, sem os teus pecados.
Surge, não gosto de pensar mudo!

Inspiração… inspira-me!
Retorna em divina vontade ao meu pensamento,
Na humana consciência, abraça-me!
E, revolve-me o espírito em alento.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Já o sei, nem sou mais gente
Sou um nada perdido em tudo
Um prefixo afastado da frente
Nas noites que ainda me iludo

Sou uma palmilha sem sapato
O fim de uma rua sem saída,
Na senda que faço sem trato
Em mais outra noite perdida

Uma inútil chave fechadura
Do acerto de um desencontro
E o que não sou lá perdura
No ser que não sou cá dentro.