domingo, 27 de abril de 2008

Num bailado que se acende
A alma serve de guloseima,
O teu corpo é fogo que arde
E o meu é cera que queima.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Tristeza

Há momentos em que apetece fechar
O sorriso à chave, num rosto recluso
Da alma, do tempo que não quer falar
Melancólico, mudo de um receio difuso


Difundido pela face triste, desconsolada
Medrosa, fechada momentaneamente,
Resguardada dessa inoportuna trovoada
Que se abate sobre ela eloquentemente


Irmã desse tempo, invernal, tristonho
Espelho de uma tempestade chuvosa;
E o vento no seu semblante medonho?
- É teu companheiro, ó alma receosa!


Não te enclausures oculta nas rugas
Alvora, deixa o sol secar essa tristeza
Sorri, aquece essa alma que enxugas;
Foge das masmorras dessa fortaleza.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Pensamento

Às vezes escrevo o que finjo que penso e por vezes escrevo o que penso que finjo.

Pecado apetitoso

Pecado inocente ao que levas?
A uma paixão ardente e louca
E de tão perdido que deixas
Levais a provar pecados à boca


Ridículo é dizer, que por ti
Não pecava, nem gritava;
Em tantas aventuras já parti
Para ver se em ti me beijava


Quero o efémero desejo enlaçar

Nesses lábios sentir o que cobicei
É o teu perfume no ar a dançar
Ai, como faz lembrar que pequei.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Sensações imortais

Revoltei as cores da existência
Pintei as linhas da vida na tela
Ouvi o grito mudo da paciência
De um figura bruta mas singela


Pincelei cor de sangue o amor
A paz tingia de véu imaculado
E a esperança em mar salgado
Só à dor não consegui dar cor


Resignado dobrei as páginas
Do rascunho de uma aparência
Que quis esborratar em folhas
De um pincel dado à demência


Assim não inventei mais cores
E continuei ao sabor do toque
Num esboço de dúbias artes
Paciente e cego entendi que:


As sensações nasciam do arco-íris
Eram aleatórias vindas da essência
Remotas do berço do Deus Osíris
São vidas do além, almas e ausência.