domingo, 21 de setembro de 2008

Um velho...

Vi uma velha alma devoluta
Sentada estática perdida,
Esperava mole pela permuta
Que fez com a morte prometida

Pouco mais falta que a prisca,
Do cigarro, que dança a custo,
Num ritmo cansado na sua boca,
À sombra do seu bigode patusco.

Ninguém atentava ao pobre velho,
Estátua humana em banco de jardim,
Era um corpo, sem nada mais a dar.

Penteando seu cabelo grisalho,
Espera solitário boleia, no fim:
Que a morte amiga o venha buscar.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Um só beijo, um só cheiro de ti,
Um só que seja, e tudo em mim!
Um momento em que explodi
Um desmesurado de frenesim

O céu numa nuvem cumulada
Figurina carregada de branco
Que no azul cresce carregada
À espera do tempo afrodisíaco

Um estado de clímax inocente
Um só toque suave pela pele
Um arrepio que corre abstinente
Um afecto! Ai como nos impele…

Liberta as gotas hoje no céu
Apruma o longo véu nevoso
Abraça as brisas em apogeu
E nutre o meu corpo ansioso.

domingo, 14 de setembro de 2008

Movimento Revolucionario

Olhar sólido revolucionário
Barba farta a grosso modo
É maestro da causa solidário
Que briga a razão sem medo

O colarinho branco sujo,
É a sua marca da devoção,
E quem lhe chama intrujo
Não está entre a revolução!

Carrega a arma na palavra,
E a pólvora no assobio,
Com os seus gritos lavra,
O trilho arriscado do pavio

O seu peito é o alvo feito
Dado na luta dessas balas,
Que a causa tem o direito
De falar mais que as armas.