segunda-feira, 24 de maio de 2010

Esta sentida loucura...

Ó sentimental loucura
Terás cura...!?

Qual loucura?
Loucura, é não saber
Que o amor não tem cura
Mesmo que nos faça sofrer.

Louca loucura,
É eternizar a promessa da jura
Por um sentimento que não dura...
Ó ingenua tontura...

Estranha loucura,
É amar somente na escrita,
Desejar ser através da leitura
E viver um amor eremita...

Perfeita loucura?
Tenho-a eu, em mim
Enquanto a vida perdura
Sem dizer: - Cheguei ao fim!

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Um a zero ganha o Diabo.

Diria que os olhos do Homem são o Inferno, se me perguntassem o que neles vejo.
Há neles uma escadaria que nos conduz ao fundo do buraco ardente e penoso,
onde o Diabo grita, em delírio, com os pactos que faz entre a alma e o desejo.
E, ávido, sacia-se na sua biblioteca de almas humanas, desfolhando-as orgulhoso.

Também, podia dizer que, é nos olhos humanos que se apanha o elevador da esperança,
E que é lá que se ascende ao interior do céu, à morada da alma e da almejada paz.
Mas, depois, lembro-me: e a guerra, o ódio, a inveja, e a vingança...?
E desisto da mentira porque já morei nos olhos humanos e sei daquilo que o Homem é capaz.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Sou feito de nada.
Sou o zero da tabuada.

Eu, roída unha cuspida
De uma mão que é fingida.

Aqui, ali, ou acolá,
Sou feito do que não há.

Uma viajante semente,
A quem o estrume já mente.

Sou um perfeito nada,
Brotado da terra abandonada.

Não sou nada de nada
Mas tudo sou enquanto não acaba.