terça-feira, 2 de março de 2010

Do 28 ao Fado

A Cidade está onde sempre esteve
Sentada em si, descansa imóvel
Apoia-se no tempo que a susteve
Intacta, é às suas origens fiel.

No seu ventre desce uma abelhinha
Que bonita é, vestindo de amarelo
Corre o carreiro de si certinha
Desfilando um corpo de modelo.

Mas já ninguém atenta à abelha...
O povo agora trocou-a pela toupeira
Quase só o turista voa ainda na abelha
Do largo da graça à ladra que é feira

Daí, segue para o emaranhado Lisboeta
De ruas e ruelas entrelaçadas
E, é com a Graça a servir de silhueta
Que vê as noivas de St. António casadas.

Desce mais um pouco a ganhar fôlego
E debruça-se nas costas de outra colina,
Passa o café do Poeta do desassossego,
Até ao Largo do Poeta que perdeu uma retina.

Aí já se namora o velho Bairro Alto
É lá que tenho um encontro marcado,
Freia o lento eléctrico e eu veloz salto
Que já se faz ouvir o meu amigo fado.

(Para o meu amigo Paulo Pereira)

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