segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Sincera escrita, única e verdadeira
Se não fluis livremente, algo se passa
Não me és falsa, nem matreira,
Portanto algo de estranho te ultrapassa.

És refém duma extrema fixação
Que se apoderou de quem comanda
A fluidez do objecto tentação
E mudou a ordem de quem manda.

Eu não o sou e, nem sei quem o é
Talvez nunca o saiba, afinal é difícil
Manter a lucidez do amor de pé,
Na viagem de uma escrita de míssil.

Nada te pensa, contenta ou satisfaz
Andas como o corpo que te alimenta
Ansioso, verde, apaixonado e voraz,
Fixado na impossibilidade que te sustenta.

Aparentemente de leve como o aguaceiro
És devorada rapidamente pelas terras secas
Que nem entregam a terra molhada ao cheiro
E cortam o pensamento a lâminas de facas.

Mas és a prova que há dias que escrevo
Num automatismo fruto da prática
E, apesar de o meu coração ser teu servo
O meu cérebro funciona como uma fábrica.

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