terça-feira, 19 de outubro de 2010

Deixem o defunto em paz.

O ultimo suspiro foi vago, inerte, acinzentado,
Sufocado com a almofado do pó temporal...
As coveiras começaram a comer o corpo inchado
Assim que este caiu no escuro do ultimo beiral.

Da falésia missal choram na reunião de olhares
Os parentes, os amigos, e, até os ódios perdoados;
Reunidos, soluçam de negro, tristes recordares
que com o defunto partem lentos mas soterrados.

Os vermes, esses gladiam-se num farto festim,
Manjando no luxuriante rolo de carne preparado.
- Sem nexo! Agora que a vida deu a mão ao fim,
Os mórbidos enfeitavam o pasto inerte de floreado?

Não sufoquem o cadáver com roupa, flores e choro,
Deixem-no respirar silenciosamente o sono interminável
Apenas com as cócegas das metamorfoses em coro:
Entre as larvas e a sua nudez numa simbiose amigável.

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