segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Navegas arrastando o sal,
Salgas os peixes memoriais,
As escamas são a tua pele sensual
No pérfido reino dos mortais

Afogas o Mar no perdido peixe,
Olha, resgata a estrela-do-mar!
Rápido Sereia; há quem não deixe,
Sequer as suas águas salvar…

Conservas a maresia salgada,
As conchas, as ondas e os sargaços.
Reúnes tudo numa só remada;
Leva-os pela praia ainda que descalços!

A caravela espera por eles ao largo.
Andam sequiosos os pobres marujos,
Choram bêbados do rum amargo,
Ou será do baú dos seus remorsos?

Perdidos afogam-se na ressaca…
Salva-os, Sereia das mil Mares!
Livra-os, desse eterno sacrifício Inca,
Resgata-os, do cemitério do convés.

E eu que contemplo esta epopeia
Do Olímpio dos teus náufragos,
Quem me salva a mim, mítica Sereia?
Que há muito naufraguei nos teus braços!

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