segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Ouço o sopro das feras
Sussurrando ao ouvido
A escolha das letras
Para que escreva sentido.

Ouço o grito dos mudos
Arrepiando-me a pele,
Pequenos gestos, curtos
Transcritos em papel.

Ouço até a dor de todos
E o pranto da caneta,
Que choram os seus erros
E a má sorte da roleta.

Ouço à noite os sonhos
Que alegram o sono,
E ouço ainda os pesadelos
Esses demónios sem dono.

Ouço a chama a pedir
Lenha para arder,
E o coração a sentir
A dor de te perder.

Ouço as folhas a chorar
Ao sabor do vento,
É o Outono a soprar
O triste desalento.

Ouço os pensamentos,
Ainda, mas já distantes
Somem devagar, perdidos
De sermos tão diferentes.

Ouço os suspiros da alma
De viver em dilema.
Porquanto busca calma
Em forma de poema.

Ouço quem não acompanha
E a incerteza do futuro,
Ai, que sensação estranha
De me sentir inseguro.

Ouço por fim, o silêncio
Que chama por nós,
Mantendo o desígnio
De escutar uma só voz!

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