sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Entristece-me ver o cão da minha vizinha
Pendurado à janela numa posição quase humana
E cada vez que o vejo, sinto na espinha
Um arrepio de tristeza que me abana...

Que lagrimas brilham nos olhos do cão?
Que tristeza as puxa a caminho do chão?

Partilhamos a tristeza entre as frentes de janela
Rasgando as diferenças anatómicas de cada reino,
Eu assumo que no pescoço de humano aperta uma trela
Ele despe-se do fato canino na alma de irmão uterino.

Já não volta a sua Dona que partiu!
Já não volta que para o além partiu!

Aceito aquela humana consciência debruçada,
Lavando de choro as paredes do prédio
E solidário visto eu o fato da bicharada,
Porque as vezes, um irmão é o melhor remédio.

Unimos as almas e almas ao choro!
Ele no seu, eu no meu, num singelo coro!

Ainda não tive coragem, numa destas noites, de lhe confessar
As razões porque o acompanho, da minha janela, na sua espera.
Será que ia ele entender-me? - Que eu só espero o amor voltar...
Acovardo-me só de pensar que insisto esperar tal Quimera.

Afinal o cão é mais sensato que o homem!
Afinal o cão também sofre e não é ninguém!

Nenhum comentário: